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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Soma


um percalço sobre outro
constrói-se um valor
esse escapa solto
alçando acima de nós
outras vozes vivas

avolumando em pilares
ligas vívidas
pessoas simples
como palavras
que criam sentido
quando juntas

somos indivíduos indivisíveis
mas juntos
tornamo-nos valor
soma e multiplicação de valor
assim temos sentido

passo a passo
passamos livres
de nós mesmos
pois somos soma
somos o entre
e entre tantos
outros ainda
somos nós
amigos

sábado, 22 de novembro de 2014

Stardust


É
Ele se vestiu de pó
De poeira da estrada
Viu nas formas cubistas
Ângulos tão aerodinâmicos
E surtou!
Prismou!
E sua luz presa
Assim irradiou

domingo, 16 de novembro de 2014

Falta #2


O homenzinho de chapéu
Se orienta pela falta
A variância o desorienta
Não tem bússola
Não a entende
Ele avança
Pela reentrância nas faltas ditas
Nos relógios não ditos

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O que temos


O que temos com a realidade
É efêmero
Inevitavelmente finito
A força das palavras se esvaem
Somos na dita palavra
Eternos passageiros
Até o amor nos foi tirado
Nunca mais será para sempre
Trocado pelo eterno enquanto dure
Efêmero
Para que sofrer pela dúvida
Se o mundo jaz no maligno
A certeza é providencial
Decidimos e pronto


Com tudo
Vez em conta
Esses desagregados da boa conduta
Nos dão um choque de transcendência
Surgem como paisagem côncava
Defletem nossa dor Newtoniana
O que resta é amálgama
Produto de cores inefáveis
A des(real)ização das verdades
Princípio criador
Art-Nouveau

sábado, 8 de novembro de 2014

Dharma


Claro presságio
Nada
Nem pensamento
Nem eu
Nem o Eu Sou
Preso na ausência
Consciência livre
Soma livre
Da vazia existência
Nem OM
Sem destruição
Nem criação
O inimaginável silêncio
Vácuo que só se conhece por palavras
Palavras vãs
Ligadas aos conceitos
Que iluminam
Feito lampião
Noite adentro
Floresta a fora

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Resposta


Resposta física é
Minha sobrancelha
Mesmo sem eu pedir
Levanta-se em reverência
Como se tua preferência
Buscasse olhar
Bem mais protegido
Um lugar
Profundo
Onde nem eu mesmo
Confuso
Em meu pensamento
Me atrevo a chegar

Des(ti)lado


A fragilidade escancara
Diante do derradeiro sinal
A intolerância ajoelha-se
Aos pés da dor no vazio
Eu mesmo não temo mais
A encarnação da vaidade em mim
Desfaço as moléstias e vago
Pleno nas magnitudes do nada saber
Violado por todas essas teorias
Teorizado e amolado na anti-glória
Nem mesmo as divinas
As essências perturbadoras
Do ser homem
Sustentam a paisagem sua
Obscura sua

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Verde


Ondas mornas em um calcanhar pequenino

Deixando a compreensão da vida temperadamente suave

Leve como seus cabelos, belo como o destino

Menina do rosto de fada

Qualquer samba que faz roda

Empolga-te a me empolgar

Falando doce ao meu ouvido abre à porta

Porta que guarda o que é só nosso

Quando às vezes me afogo em seu corpo

Sinto lúcido seu aroma fagueiro

Deleito em curvas fogosas

E desdobro no mel de seus lábios

Meu sonho puro

Atravessa-me o peito nu

Arrasta-me pro seu mundo

E me devora devagar

O amor é verde como eu e você

Como as árvores que sonham pelas florestas

Verde como o mar

Verde como o contorno das meninas

Das meninas dos seus olhos

Intimação


Eu quero entrar na sua casa
Sem ser convidado
Eu vou pisar com sapato
O tapete da sala
Sem aviso correr a escada
Entrar no seu quarto
Bagunçar suas coisas
Cair na risada

Invadir seu banheiro
Perder a noção
Pra ligar o chuveiro
Vapor e cor
Na luz do espelho
Marcar minha mão

Eu quero entortar nossas vidas
Te mostrar o Cosmos
Estrelas caídas
Os fortes de Homero
O que é e pode não ser belo
Em conversas perdidas

Mais que isso é de longe
O desejo que passa
Elmo que esconde
A veia escancara

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Radiância


Quando a porta abriu-se lenta e ruidosa
Iluminou todos os medos medonhos
Os pequenos meteram-se pelas frestas, reentrâncias
Debaixo da cama
Os grandes e pavorosos sombras tornaram-se
Nada disseram e nada foram
Perderam-se na radiância
Enquanto numa piscadela
A cor dourada fraca e contínua
Deu rosto a tudo

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Brisa


Ao fim do dia de sol
O vento vem bonito
Soprando o rosto aflito
Relíquias longínquas

Volita a mil pés
Traz volta e meia
O fogo que candeia
O deus que tocou

Depois de muita monotonia
Nos céus livre
Cai
Em si cai
Aventura-se pelos obstáculos
Homens e seus feitos

Desperta os sonhadores
Acaricia jovens aventureiras
Desafoga calhas alheias
Brisa
Torna ao lar
De seus senhores
Deuses
Senhores

sábado, 11 de outubro de 2014

Hoje


Hoje não baby
Hoje a lua não cai
Não cai a chuva
Nem uma estrela
Na ponta da katana samurai

Hoje meus discos não giram
Não badalam os sonos
Hoje não há embalos
Nem água nos ralos
Hoje não tem riscos

Hoje a febre não queima
Meu bem não faz riso
Agora só hiato
Até no mato não tem grilo

Hoje já não tem hora
Nem aquele olhar atraente
Momento de sol ausente
Amor e manhã que demora

Hoje verde é cinza
A flor cinza se abre
Lá onde você se esconde
Fonte do seu melhor lugar
Na dor em seu coração
Sinto a espera no fim
Nas últimas horas, ma chère
Escorrega de mim
Hoje sim

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Lúdico


Chuva
Sinto morna
Tempo de começo
Deixar o cego terço
Ir embora

As voltas de mim
Sacudir o casaco
Empunhar as mazelas
Dividir as idéias
E enfrentar o carrasco

Desconstruir nossos erros
Semear neste campo
O prefácio de um canto
A voz dos meus medos

Em voga não há
Nada que eu possa
Sentir de repente
Em meu peito dormente
A manhã que demora

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Curso


Sinceramente?
Situacionalmente quebramos
Inflamos e sorridentemente
Infelizmente inchamos
Quebramos a força ascendente


Choramos sozinhos
As vezes por anos
Vestimos espinhos
Por anos perenes


Sucintamente?
Sensualmente falhamos
Paramos na frente
Na sede do óbvio
Vislumbre tão sólido
A danação da mente


Suavemente?
Rio vai correndo
Para aonde?
Para o surto da coisa nova
Despercebida crescendo
Novo dia de prosa
Vivendo

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Trivial


Pelos meus tênis velhos e sujos
Sinto o suor sujo do medo
O medo do sujo que muda
Que muda
Que imuta

Pelos meus tênis velhos e encardidos
Vejo a falta de luz do nada
A vida parando em Staccato
Na desordem, na fuga

Pelos meus tênis velhos e acabados
Escuta-se o grito calado
Os gemidos sufocados do cotidiano
Pelos meus olhos confusos eu me acho
Alinhados aos seus
Nos seus olhos multi cores
Transfigurando tristezas e alegrias
Me olhando lá no fundo

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Vivos!


Estamos duvidando da vida
Você e eu estamos
As voltas somos
Minúscula ferida


Erguemo-nos cegos
Nascemos assim amor
Entre perigos, na dor
Sussurrando nossos egos


Vez em sorte vivos, lúcidos
Separados pela pele pueril
Reentrâncias casqueiam a alma
Amando toda coisa vil
Para nós aprazível calma
Vivos, lúcidos


E não estamos perdidos
Perdemos o medo inerente
Achamos nas coisas
Há gente
Entre tudo entendidos
As vezes tão cedo percebidos


Se penetrarmos a infinidade
O que poderíamos racionalizar?
Não e nada
Se não há fim também
Não haverá de ter começo
Deixaríamos para trás as conclusões
Seguiremos abastados
Do vinho da vida vaga

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Falta


Esvazio os bolsos na mesa
Encaro a falta
Deixo em cima do móvel
A chave e a porta
Além disso clareza

Despeço-me da cidade seca
Há órbitas a seguir e seguirei
Na falta
Caminho nenhum é rei

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Compasso



Ela afina o coração
No tempo do bumbo
Quase desanda
Desarmonia no mundo
Marcando Improvisa
Ela é bamba


Com passo lento
Sigo seu cheiro leve
Me convencendo a ser
Entre a pausa breve
Diminuto contento
Mas tão pouco tempo a saber


Sua inocência brinca de roda
Desdobra pelos ritmos
Calma e destoante
Meu pensamento errante
Não decifra seus signos


Não menos e mais quente
Em uma outra harmonia estrelada
Ouve-se um batuque sonoro
É meu pedido inglório
Ressoa dormente
Uma canção malacabada

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Constructo



Desimagina esse constructo


O que digo


De mim


Cada dia sou mais imperfeito


Por que me perco


Por mim é que me endireito


Feito fractal

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Filhos da Rua



Deixa eu te dizer
Que tudo é muito
É nada
Há tanto o que fazer
Palavras para dizer
Numa cena calada

Digo com o olhar
Sinceramente abstruso
Como é o fundo do mar
Sei, é de mim apelar
Ao seu eixo confuso

As brumas apagam minhas peripécias
O moinho distorce as paixões
Inside e surpreende
Amores e amoras nas mãos
Désir iminente
As cortinas do tempo continuam abertas

O Cronos tão cruel
Preencherá as frestas
Nos céus rios trasbordarão
Cair só pelas suas mãos
E definhar em presas modestas

Sobre viveremos à noite
Acharei seu cálice Apolínea
Beberemos num ápice
A virtude crua
Seremos os filhos da rua
E teremos a sombra da noite

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O dia já foi


Meu trem passou
Tão veloz quanto deveria
Tudo que tinha levou
Deixou as dúvidas

Miro pelas frestas na carcaça de metal
Vejo luzes e mesmo que não pareça
São todas intermitentes
A essas horas já se foi a aurora
A escuridão nos cobre de luto
O dia já foi

Belos nomes se perdendo na noite
São vultos pelo caminho
Assustados e sozinhos
Gestando uma frustração
Desesperando por luz

Assim já estamos na viagem
Na linha luminosa do tempo
Sinceros em demasia
Monumentalmente parados
No crepúsculo

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Segredos


É o que me espanta
Essas pequenas dúvidas
Grandes explosões em galáxias distantes
Em nós uma calmaria que espanta
Pequenos segredos guardados
E luz
E luzes

Sim, há música e paradoxos
Mexas suaves e distintas
Uma brandura entrelinhas
Na sua fala e na minha

É o que me espanta
Pequena e cinzenta ventania
É o que me encanta
Tempestade cativa
No encontro das horas
Gastemos a vida

Imperfeito


Perfeição
A tarde chuvosa e o cheiro do café
Mistura leve melancólica
Dúvida ritual
Sorte do devir

Perfeição
O perfume que insiste em sua pele
Essência exala cor e cores
Presença preenche
E ressoa

É a negritude em seu olhar
Pesar em seus ombros
Que dissipa
Com a brisa morna
Adorna seu cabelo
A revoar


A perfeita ação
Meu coração bréga
Se ajeita se apega
Bombeia luz e sombra
Imperfeito demais

Insolúvel


Insolúvel
Na terra da confusão
Um sinal
Um sintoma
Sincrônico perfeito
Que brilha não só no peito
Inocente toma a mente
Em um breve presente
Suspensos
Sem ideias, canções ou mundo
Somente sintonia

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

In Sanidade

Entre outra palavra e uma
Forte sopra ventania
Cheiro da tempestade
E nela
Mal sabe ela
Epifania
Descobre suma in sanidade

Entre um devaneio e outro
Um sonho, riso e outro
A noite nas primeiras horas

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Lonjuras

Não me diga nada
Escorrego pela suas palavras
Sabe?
Luz pela íris
Nada que você cante
Nada que saia de ti
Nenhum sonho
Dor ou amor
Me escapa

É intermitente solar
Brilho Quasar
Me alimento desses fótons misturados
Há melanina em sua pele
É um crime as lonjuras estrelares
Tantas partículas ou ondas
Uma infinidade de espaço-tempo
Até seu sorriso
Não me diga nada

Sorri a sua tristeza fala
Muito mais há alegria
Flor essa alquimia
É sol lar da magia
Não me diga nada

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Pó de Lareira

Uma curva pequenina
No rosto desponta
Vai crescendo solta
Para o que é sua sina

A pressa desanda
Os pés de madeira
Pó de lareira
Que o vento espanta

E o rosto que vejo
Há luz na retina
A tez ilumina
Vida que vejo

E já revelado
A curva no rosto
Sorriso que posto
Me mata calado

domingo, 14 de setembro de 2014

Capitulos

A ver
Os capítulos chegam ao fim
Os inícios?
Quando os começos
Haver os recomeços
Queiramos dar partida
Criemos nossos risos
Não contê-los
De olhos abertos
Cuidemos de nós
Para que a ânsia
A busca
Obsessão pelo eu
Não deixe pelo caminho
Sonhos sozinhos
Pessoas feridas
Coisas sem vida
Haverá sempre ou quase
Um fim
Capítulos bons ou ruins
Mas os inícios
Esses são seus
Nossos e compartilhados
Sim
São nossos

Luas Negras

Preciso encarar de frente
A doçura de seu olhar
Impreciso
Mais precisamente sempre
O que capto é isso
O seu corpo e fala em tempestade
Defesa absoluta se...

Se não fosse o revelar
Da imprecisa monção
E salta Luas negras
Seu olhar compreende
Dentro da ventania
Beleza e mansidão

sábado, 13 de setembro de 2014

Buraco


O buraco é uma fresta
Ás vezes eu olho para ele e não vejo nada
Ás vezes não me interessa
Quase sempre nem o vejo

Oh! buraco chato
Sem cor e sem prazo
Sem alma e nem luz
Só existe pra ser tapado

Ás vezes é um buraco triste
Que me deixa incomodado
Ás vezes é um buraco raso
Que não da pra ver do outro lado

Eu acordo e ele está lá
Se dormir vou me dá boa noite
A vida passa e ele não some
A vida renuncia-me
O buraco sorri vitorioso