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quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Verde
Ondas mornas em um calcanhar pequenino
Deixando a compreensão da vida temperadamente suave
Leve como seus cabelos, belo como o destino
Menina do rosto de fada
Qualquer samba que faz roda
Empolga-te a me empolgar
Falando doce ao meu ouvido abre à porta
Porta que guarda o que é só nosso
Quando às vezes me afogo em seu corpo
Sinto lúcido seu aroma fagueiro
Deleito em curvas fogosas
E desdobro no mel de seus lábios
Meu sonho puro
Atravessa-me o peito nu
Arrasta-me pro seu mundo
E me devora devagar
O amor é verde como eu e você
Como as árvores que sonham pelas florestas
Verde como o mar
Verde como o contorno das meninas
Das meninas dos seus olhos
Intimação
Eu quero entrar na sua casa
Sem ser convidado
Eu vou pisar com sapato
O tapete da sala
Sem aviso correr a escada
Entrar no seu quarto
Bagunçar suas coisas
Cair na risada
Invadir seu banheiro
Perder a noção
Pra ligar o chuveiro
Vapor e cor
Na luz do espelho
Marcar minha mão
Eu quero entortar nossas vidas
Te mostrar o Cosmos
Estrelas caídas
Os fortes de Homero
O que é e pode não ser belo
Em conversas perdidas
Mais que isso é de longe
O desejo que passa
Elmo que esconde
A veia escancara
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Radiância
Quando a porta abriu-se lenta e ruidosa
Iluminou todos os medos medonhos
Os pequenos meteram-se pelas frestas, reentrâncias
Debaixo da cama
Os grandes e pavorosos sombras tornaram-se
Nada disseram e nada foram
Perderam-se na radiância
Enquanto numa piscadela
A cor dourada fraca e contínua
Deu rosto a tudo
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Brisa
Ao fim do dia de sol
O vento vem bonito
Soprando o rosto aflito
Relíquias longínquas
Volita a mil pés
Traz volta e meia
O fogo que candeia
O deus que tocou
Depois de muita monotonia
Nos céus livre
Cai
Em si cai
Aventura-se pelos obstáculos
Homens e seus feitos
Desperta os sonhadores
Acaricia jovens aventureiras
Desafoga calhas alheias
Brisa
Torna ao lar
De seus senhores
Deuses
Senhores
sábado, 11 de outubro de 2014
Hoje
Hoje não baby
Hoje a lua não cai
Não cai a chuva
Nem uma estrela
Na ponta da katana samurai
Hoje meus discos não giram
Não badalam os sonos
Hoje não há embalos
Nem água nos ralos
Hoje não tem riscos
Hoje a febre não queima
Meu bem não faz riso
Agora só hiato
Até no mato não tem grilo
Hoje já não tem hora
Nem aquele olhar atraente
Momento de sol ausente
Amor e manhã que demora
Hoje verde é cinza
A flor cinza se abre
Lá onde você se esconde
Fonte do seu melhor lugar
Na dor em seu coração
Sinto a espera no fim
Nas últimas horas, ma chère
Escorrega de mim
Hoje sim
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Lúdico
Sinto morna
Tempo de começo
Deixar o cego terço
Ir embora
As voltas de mim
Sacudir o casaco
Empunhar as mazelas
Dividir as idéias
E enfrentar o carrasco
Desconstruir nossos erros
Semear neste campo
O prefácio de um canto
A voz dos meus medos
Em voga não há
Nada que eu possa
Sentir de repente
Em meu peito dormente
A manhã que demora
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
O Curso
Sinceramente?
Situacionalmente quebramos
Inflamos e sorridentemente
Infelizmente inchamos
Quebramos a força ascendente
Choramos sozinhos
As vezes por anos
Vestimos espinhos
Por anos perenes
Sucintamente?
Sensualmente falhamos
Paramos na frente
Na sede do óbvio
Vislumbre tão sólido
A danação da mente
Suavemente?
Rio vai correndo
Para aonde?
Para o surto da coisa nova
Despercebida crescendo
Novo dia de prosa
Vivendo
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Trivial
Pelos meus tênis velhos e sujos
Sinto o suor sujo do medo
O medo do sujo que muda
Que muda
Que imuta
Pelos meus tênis velhos e encardidos
Vejo a falta de luz do nada
A vida parando em Staccato
Na desordem, na fuga
Pelos meus tênis velhos e acabados
Escuta-se o grito calado
Os gemidos sufocados do cotidiano
Pelos meus olhos confusos eu me acho
Alinhados aos seus
Nos seus olhos multi cores
Transfigurando tristezas e alegrias
Me olhando lá no fundo
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Vivos!
Estamos duvidando da vida
Você e eu estamos
As voltas somos
Minúscula ferida
Erguemo-nos cegos
Nascemos assim amor
Entre perigos, na dor
Sussurrando nossos egos
Vez em sorte vivos, lúcidos
Separados pela pele pueril
Reentrâncias casqueiam a alma
Amando toda coisa vil
Para nós aprazível calma
Vivos, lúcidos
E não estamos perdidos
Perdemos o medo inerente
Achamos nas coisas
Há gente
Entre tudo entendidos
As vezes tão cedo percebidos
Se penetrarmos a infinidade
O que poderíamos racionalizar?
Não e nada
Se não há fim também
Não haverá de ter começo
Deixaríamos para trás as conclusões
Seguiremos abastados
Do vinho da vida vaga
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Falta
Esvazio os bolsos na mesa
Encaro a falta
Deixo em cima do móvel
A chave e a porta
Além disso clareza
Despeço-me da cidade seca
Há órbitas a seguir e seguirei
Na falta
Caminho nenhum é rei
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